domingo, 12 de janeiro de 2020

Ato 019 – O Andarilho


Acompanhando a distância tudo que se passava nas terra do mar Mediterrâneo, estava um poderoso guerreiro, que se mantinha oculto.

Com o fim do confronto o brilho de Anna voluntariamente reluz e leva Teneo e Noir a um velho casebre no fim da vila, que todos acreditavam estar abandonada.

A porta Noir gentilmente bate, e para a surpresa de todos a porta é aberta aos visitantes.

Envolto numa capa com capuz estava um homem de pele escura, que ao revelar seu rosto convida todos a entrar.

O estranho da vila se despe da capa e se mostra um homem fisicamente atlético, jovem, e de pele mais escura, algo incomum àquelas terras.

— Sou Donni, o Andarilho. Se apresenta o estranho. — Fui chamado por Atena a ser seu mensageiro a correndo o mundo em busca de valorosos guerreiros que receberam o chamado da deusa.

— Então é um guerreiro de Atena! Resmunga Teneo. — Então como não sentimos sua presença?

— O sétimo sentido. Responde Donni. — Pude ocultar minha presença através do potencial desse nível de poder. A pequena Mia também o fez, mas isso é nativo da constelação guardiã dela.

— Então está recrutando guerreiros? Indaga Noir.

Donni sinaliza que não.

— Não estou recrutando, meu caro Noir. Responde. — Estou convocando os guerreiros recrutados por Atena para se unir a ela em seu santuário em construção nesse momento.

Teneo estava curioso.

— Santuário? Uma construção desse porte deveria ser notada por todos. Onde ela está?

Donni sorri.

— Bem perto de vocês. Responde. — Em Atenas, mas toda a movimentação está oculta pelo cosmo de Atena. Seu poder máximo será atingido em breve, com sua chegada em pouco mais de um ano. Precisamos de sua participação.

Teneo sinaliza negativamente.

— Não posso deixar esse povo. Retruca. — Não cessarão os ataques, e a último de tão forte quase custou minha vida.

— Não se preocupe Teneo, o Touro guardião. Tranquiliza Donni. — Kraig de Cavalo Marinho não mais retornará. Haverá uma batalha final a ser definida pelos deuses, e apenas nesse momento vocês se enfrentarão novamente.

O guerreiro misterioso olha carinhosamente para Mia, dirigindo em seguida palavras a Teneo.

— Seu trabalho aqui está terminado. Prossegue a narrativa Donni. — Os guerreiros daqui poderão cuidar dos futuros ataques, liderados por Noir, e em breve Atena visitará Mia, pelo seu poder de restrição dar a esse lugar proteção equivalente a seu cosmo, Teneo, e proporcional as ameças que virão.

Ele se volta para Noir.

— Você, Noir, concluirá o treinamento dos moradores, e receberá a prova de minhas palavras. Presenciará a visita de Atena a sua filha.

Teneo, ainda desconfiado com as muitas verdades proferidas pelo recém descoberto Donni estava pensativo.

— Como podemos confiar em você. Indaga o guerreiro de Atena. — Diga-nos pelo menos quem guia sua jornada, Andarilho.

Donni sorri.

— O arqueiro dos céus me aponta meu destino. Responde.

— Sagitário, eu suponho. Comenta Teneo. —

Teneo inflama se cosmo e desafia Donni, O guerreiro da pele negra inflama seu cosmo, e prepara um arco de energia com uma flecha armada para o disparo. Teneo olha profundamente para seu então adversário e apaga seu espírito de luta. A flecha do arco e Donni também se dissipa.

— Partiremos Eu e Anna a Atena após a visita de Atena a casa de Noir. Decide Teneo. — Preciso me certificar da segurança desse lugar.

— Correto. Comenta Donni. — Digno do protetor dessas terras. Creio que minha missão aqui está encerrada.

— Para onde irá agora, Andarilho. Indaga Teneo.

— Ainda não sei, mas creio que Sagitário me dirá essa noite.

Os guerreiros de Atena se saúdam com um forte aperto de mão.

— Siga em paz com Atena. Deseja Teneo. — Se precisa do Touro Guardião, sei que Atena providenciará a minha chegada.

Todos se despedem, e os visitantes do casebre deixam seu novo morador, quando Teneo retorna o olhar.

— Venha a minha casa essa noite. Convida o Touro. — Anna cozinha bem, e a pesca voltou a ser farta. Conheça nossa verdadeira hospitalidade. Creio que já conhece o caminho.

Doni sorri.

— Convite aceito, mas precisarei de algo. Comenta. — Minhas roupas não estão a altura.

— Não se preocupe. Responde Noir. — Venha a nossa casa e terá roupas novas. Leve as que traz contigo, e cuidaremos delas se assim desejar. Não creio que viaje amanhã tão cedo.

— Obrigado! Donni estava surpreso. — Não sairei tão rápido assim. Creio que tudo ficará acertado, como previsto.

— Previsto? Mia estava curiosa.

— Sim. Responde Donni. — Posso fazer previsões, e geralmente elas se concretizam. Está tudo escrito nas estrelas.

— Eu sei. Concorda Mia, inocentemente.

— Agora vamos de uma vez. Encaminha Teneo. — Nosso visitante precisa e privacidade.

Com a saída de todos, o guerreiro de Sagitário se apressa em tomar banho, e vestir sua melhor roupa. Em suas viagens a lugares quase desertos, e outros bem menos hospitaleiros, não lhe era permitido cuidar tão bem dos seus trajes.

No caminho para cada Teneo convida também Noir para a confraternização com o novo amigo em Atena, e emenda.

— Não creio que essa confraternização atrapalhará os planos de Atena.

Todos riem.

— Certamente. Concorda Noir ao adendo de Teneo. — Levaremos uma sobremesa.

— Combinado. Confirma Anna, olhando com cumplicidade para seu pai.

Passadas algumas horas, bate a porta de Noir, Donni. A pele escura do visitante esperado surpreende Boni, esposa de Noir que chega a sala recepcionada por Mia.

— Boa noite, Senhora. Cumprimenta Donni.

— Boa noite. Responde Boni. — Deve ser Donni, o Andarilho, de quem falaram Noir e Mia.

— Sim, a seu dispor. Retribui Donni a hospitalidade.

Boni sinaliza a Donni que entre.

— Fique a vontade. Mia te levará até Noir. Creio que sairemos juntos ao jantar na casa de Teneo.

— Creio que sim. Responde ainda confuso, Donni, visto a hospitalidade por ele ainda nunca vista.

— Depois venha a cozinha. Continua Boni. — Venha provar a sobremesa e dar sua opinião.

— Certo. Responde o visitante ainda mais surpreso.

Como combinado ele foi a cozinha e provou um delicioso bolo de frutas.

— Muito Bom. Aprova Donni, para o sorriso de Boni e Mia que esperavam pela opinião.

— Amanhã cuidaremos de suas roupas, e tenha certeza que Noir terá algumas peças para contribuir a sua próxima jornada. Contina Boni.


— Obrigado. Responde Donni.

Todos se encaminham para a casa de Teneo, e o visitantes de Noir deixa a todos curiosos.

— Esse é meu amigo Donni, que veio nos ajudar em nome de Atena. Dizia Noir a todos.

A reação era positiva, pois se veio por Atena, então vinha em paz.

— Seja bem vindo.

— Vamos pescar amanhã?

— Está com Noir, podemos te arrumar um casebre.

Eram as reações de acolhida de todos que recebiam o agradecimento emocionado de Donni.

Chegado a casa de Teneo, era perceptível a mudança no semblante sério do servidor de Atena para um a de um homem comum, raro com toda a tensão provocada pelos recentes ataques do exército de Poseidon.

Muito se comeu e onfraternizou, com estórias e grandes façanhas em nome de Atena.

Curiosas as meninas perguntavam sobre a origem de Donni, assunto ainda não abordado por respeito ao visitante.

— Meninas, não sejam inconvenientes. Retruca Boni. — Nosso amigo não precisa contar sua vida.

— Desculpem. Dizem as meninas juntas.

Donni sorri, achando engraçado a curiosidade de todos, declarada pelas crianças.

— Tudo bem. Responde Donni. — Era a minha vez de contar estórias mesmo.

Ele começa a contar sua estória a uma plateia de servos de Atena, cenário que não lhe fazia restrições.


EXTREMO SUL O GRANDE CONTINENTE AO CENTRO – DEZESSETE ANOS ATRÁS

Era a noite e Amaia dava à luz a seu primeiro filho. O primogênito do líder dos guerreiros dos Zimbabus.

Grande era expectativa, pois ele sucederia seu pai na liderança do seu povo Guerreiro é vencedor de todas as batalhas empreendidas em nome dos deuses.

A criança, chamada de Zimbu, nascera com porte mediano, abaixo do esperado pelos guerreiros com pouca aptidão ás artes da guerra, logo ele foi esquecido por todos até o momento que começara a fazer previsões mais certeiras que  o líder espiritual da tribo,   e parecia falar com as estrelas.

 A semelhança ao Xamã incomodava alguns, mas não é seu pai, que vinha nele algo especial e único.

SEIS MESES ANTES

O tempo passou e Zimbu aos dezoito anos foi consagrado assistente do livro espiritual da ilha, pois sempre previa fatos de forma certeira, incluindo nas batalhas.  Seu irmão Kuará, lider dos querreiros comemoravam especialmente com seu irmão suas previsões de glórias para seu povo.

Certo dia que foi previsto por Zimbu derrota na próxima batalha contra tribo que invadira o território dos Zimbabus. Ninguém acreditar nessas palavras, mas havia mais a ouvir que fora ignorado por Kuará.  Uma aura de luz salvaria a todos no momento final.

Os invasores tinham aspectos diferentes, como peixes, sua presença afetara a pesca, limitando a tribo a caça que começara a ficar escassa.

Kuara liderava o grande ataque, mas com poderes mágicos saindo das mãos e lanças o exército de Zimbabus precisava bater em retirada. Com a ferida de morte em Kuará eles se retiraram.

No centro da tribo o Xamã nada pode fazer, quando ao tocar o irmão Zimbu brilhou e Kuara retornou a vida.

Impetuoso Kuara, novamente prepara o exército para novo confronto ignorando novamente as previsões de Zimbu, incluindo o desfecho outrora não ouvido.

O ataque surpresa e violento faz efeito, mas enquanto se comemorava uma energia esmagadora surge do mar.  Era uma criatura vestida de armadura laranja, que em segundos dizimou a todos.

 A besta caminha em direção a Kuara e pressionando seu crânio, se apresenta.

—  Sou Kraig, o Cavalo Marinho, General Marina do Senhor Poseidon, novo soberano dessas terras. Elas agora fazem parte dos domínios do mar.

Kuara se debate e lembra do irmão, que tentaram lhe contar algo.

— Um irmão! Comenta Kraig absorvendo os pensamentos de Kuara. — Um irmão especial …

Zimbu percebe a angústia do irmão, e vê todos mortos. Revoltado com tudo aquilo ele brilha como uma estrela.

— Não!  Esbraveja Zimbu

Sua luz parte como uma lança em direção ao campo de batalha atingindo em cheio Kraig, que é expulso quilômetros Mar Adentro. Com sua escama parcialmente quebrada, o Cavalo Marinho sabia de quem se tratava aquele cosmo: um guerreiro de Atenas.

Por hora Kraig retornou ao templo submarino, mas voltaria aquele lugar.

Em terra todos estavam muito assustados com a manifestação do poder de Zimbu.

— Ele nos salvou. Diziam alguns.

— É um demônio! Acusavam outros.

Zimbu não mais sabia o que fazer. Sua previsão se cumprira, e foi ele a luz, mas não salvara sequer seu irmão.

Ele caminha até a praia acompanhado por alguns, vê o corpo do irmão e chora. Sua mão afasta a todos, tornando particular aquele momento de despedida.

Zimbu chorava, quando um homem e uma jovem envolta de luz surgem diante de seus olhos.

— Olá Zimbu. Saúda a jovem. — Sou Atena, a deusa da Sabedoria em Guerra Justa, e preciso de seu poder para libertar outros povos do domínio de Poseidon, o Senhor dos Mares.

A deusa toca em Kuara e faz sua alma flutuar junto a ela.

— Seu irmão está bem ao meu lado. Tranquiliza Atena. — Ajuda-nos. Seu poder vem da constelação de Sagitário, És um dos meus escolhidos, venha.

Zimbu olha para sua mãe ali presente, vai até ela e se despede. Ela reconhece a paz na aura de Atena.  e abençoa a partida do seu filho.

— Irei com você confirma Zinbu. Ele olha para o homem que acompanha Atena, que se apresenta.

— Sou Oscar, guerreiro da constelação de Gêmeos.  Precisamos encontrar nossos guerreiros pelo mundo, e reuni-los no Santuário da nossa deusa a ser construído em Atenas. Precisamos que se torne o Peregrino, que correrá o mundo em nome de Atena. Atena irá atender a ser chamado sempre que localizar um novo guerreiro,

— Eu aceito a missão de Atena. Responde Zimbu. — Mas não poderei mais ser mais Zimbu, pois abandonarei meu povo

— Você deve se chamar Donni, o Andarilho. Afirma Oscar.

— Que assim seja em nome de Atena.


TEMPO PRESENTE

— E assim eu saí pelo mundo em minha missão. Completa Donni.

As meninas estavam empolgadas com a história de Donni.

—  Já pensou: eu andarilha em nome de Atena. Comenta Mia para o riso de todos.

— Eu tenho certeza que sua missão será tão eficiente quanto a minha é hoje. Comenta Donni. — Mas estou cansado, aguardarei meu momento.

Donni, o Andarilho estava em paz, em família como a muito tempo não ocorrera. E no dia todos seguiram para suas missões pelo mundo.


O ANDARILHO DO EXÉRCITO DE ATENA CUMPRI MAIS UMA MISSÃO, E AO ABRIR SEU CORAÇÃO A UMA FAMÍLIA REVELA MAIS UMA HISTÓRIA DO EXÉRCITO DA DEUSA.

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