segunda-feira, 6 de março de 2017

Prelúdio - Ato 014 - A técnica selada



As lembranças de Ozir continuam a fluir, seguindo a viagem e narrativa de seu pai Oscar sobre a técnica do controle em Lemuria.

QUINZE ANOS ATRÁS

Tessalian pouco a pouco ia sendo reconstruída ainda num clima bem quente, visto a atividade recente do vulcão. 

Os controles de atividade e temperatura do monte Jutsu apresentavam valores tão baixos como nunca antes visto, e a paz reinava no lugar. 

Oscar e Saulo ajudavam na reconstrução, sempre agraciados com os cuidados das filhas do Sr. Anaor. 

Os gêmeos, dias antes, sentiram o grande poder de controlar até mesmo a lava vulcânica. Apesar do calor e conduzidos por Ankaa, eles treinavam esse “controle” com relativo sucesso. 

Com a reconstrução da província, Ankaa retornou a escola, e Melias as suas funções, deixando Saulo e Oscar sem a oportunidade de descer ao centro do monte Jutsu. 

Em uma noite estrelada Saulo sai e sentar-se a frente de casa para contemplar o céu. Marah se aproxima, e ali fica toda a noite. 

Juntos, Marah e Saulo, olhando o céu entram num tranze profundo, eles sentem cada explosão interna do sol, e cada pulso espacial emanado pelas estrelas. 

Saulo consegue perceber ao menor detalhe da dobra do espaço, sentindo a conexão entre o tempo e o cosmos. Ele experimentaria, guiado pelo suave poder telepático de Marah, algo extraordinário. 

Junto a Marah Saulo sentiu seu corpo atravessar as dobras espaciais, e repentinamente surgem no centro do monte Jutsu. O calor do monte o despertara imediatamente. 

— Opa! Surpreso expressa-se Saulo. — Por que me trouxe aqui, Marah? Indaga. 

Marah sorri. 

— Foi você que nos trouxe aqui. Responde. — Nunca antes estive aqui, mas gostei do lugar. 

Saulo ficou muito surpreso. 

— Mas . . . Se não foi você . . . como?

Marah o abraço, confortando-o. 

— Foi você, com a leveza do teu cosmo. Sorri Marah. — Eu só te deixei livre de pensamentos. O resto você fez tudo. 

Saulo nada entende. 

— Pude sentir o movimento dos astros. Pude ver se abrir uma fenda no espaço, e entrei por ela. Mas, não entendo como vim parar aqui. 

Marah o abraça mais forte. 

— Você queria estar aqui, e construiu em sua mente o destino de sua viagem no espaço. Você pode viajar pelo espaço-tempo agora. É a base de nosso teletransporte, mas nos nascemos com essa capacidade mais aflorada. 

Saulo estava eufórico. 

— Mas . . . como voltamos? Indaga assustado Saulo. 

Marah ri. 

— Fiquemos mais um pouco. Gosto daqui. Aqui pode ser nosso ninho de amor. 

Saulo aprova a ideia, e se concentra novamente. De repente eles surgem no meio do caminho. 

— Opa! Lugar errado. Brinca Saulo. 

Marah se diverte com a inexperiência de Saulo. 

— Com o tempo você melhora, meu amor. Com o tempo você melhora. 

Marah segue a seu lar, e Saulo empolgado não vê a hora de amanhecer para contar a Oscar a novidade. 

O dia amanhece, e em meio ao clima bom do café da manhã na casa de Melias, Saulo conta em silêncio tudo o que lhe ocorrera. Melias percebe algo, mas não sabe definir bem o que. 

— Enigmáticos vocês hoje rapazes. Comenta. 

Oscar ri com a situação. 

— Não liga não. Brica Oscar. — A gente é assim mesmo. Contamos tudo um para o outro com apenas um olhar. Nossa ligação é muito forte. 

Melias balança a cabeça em sinal positivo. 

— Eu percebi. Comenta. 

Encerrado o desjejum Oscar e Saulo agradecem a Katina, como feito diariamente, e partem para o trabalho na vila. 

— Estou ansioso para vê-la, Oscar. Diz Saulo. 

— Eu também. Responde Oscar. — Acabando os telhados de hoje a gente pode ir encontra-las. 

— Certo. Conclui Saulo. 

O dia passa e chega o momento do reencontro. De banho tomado e sorriso no rosto, seguem a casa do Sr. Anaor os gêmeos. 

— Olá rapazes. Cumprimenta Sr. Anaor, na calçada. — Shina e Marah os esperam. Não demorem pois elas devem ir para a cama cedo. Brinca. 

Muito belas saem pelo portão afora as filhas daquele zeloso pai de família. Eles seguem até uma gruta, local preferido das moças na infância, e onde certamente o pai as acharia. 

Para a surpresa de Marah, cada vez mais ligada a Saulo, Oscar indaga a Saulo. 

— O que era aquele espaço diferente por onde você esteve ontem irmão?

Shina, ao lado de Marah sorri, para a maior supreza de Marah. 

— Era um lugar estranho. Comenta Shina. — Parece que eles compreendem agora, de certa forma, a nossa telepatia. 

Marah não compreendia, e sua expressão facial deixava isso claro.  Oscar olha para Shina e sorri. 

— Nossa ligação é muito forte. Até a ligação com meu irmão ela percebe. Comenta Oscar sobre Shina. — Pude até perceber a explosão das galáxias. Completa Oscar sobre a viajem de seu irmão. 

Saulo mostra estranheza. 

— Explosão das galáxias? Diz Saulo curioso. 

Oscar fica meio perplexo. 

— Sim! Responde Oscar. — É muita energia. Senti como se pudesse reuni-la toda em minhas mãos. Mas . . . Será que posso? Sinto que poderia explodir qualquer coisa com essa energia. 

— Por que não tenta? Hahahah. Saulo desafia Oscar. — Tentamos juntos. Arranje-nos uma pedra grande meninas, por favor. 

Shina e Marah por telecinese carregam uma grande pedra e a deixam suspensa no ar, e Shina provoca. 

— Façam com elas suspensa, se forem capazes. 

Saulo e Oscar se olham e riem. 

— Considere feito! Dizem juntos os gêmeos. 

Eles e concentram, elevam seus cosmos, e vasculham o universo a procura da energia de uma explosão galáctica. Duas são achadas, e os guerreiros se conectam a essa grande movimentação de energia, transportando-a pelo espaço tempo até dois pontos distintos da pedra. A pedra em fração de segundos implode formando uma nuvem de poeira. 

Oscar ainda brinca, explodindo pequenos pedaços com a mesma técnica. 

A harmonia entre os gêmeos e as filhas do Sr. Anaor fortalece os cosmos de Oscar e Saulo. 

A província com o tempo vai voltando ao normal e Oscar e Saulo já são considerados como filhos da grande família de Tessalian. 

A bela relação que nascera entre os gêmeos e as filhas do Sr. Anaor era fonte de grande admiração por todos. 

Saulo e Oscar, já mais habilidosos na técnica do transporte pelo espaço tempo, treinavam diariamente no centro do monte Jutsu, agora bem mais calmo. Nesses momentos lá sempre estava Ankaa, enigmático com seu eterno silencia. 

Certa vez ao chegarem ao monte Jutsu não encontraram Ankaa, como era de costume. Eis que surge o menino, e em seguida desaparece, como se chamando-os. Eles o seguem, e surgem numa floresta, a beira de um jardim defronte a uma cachoeira. 

O sol penetrava por entre as árvores, e refletia no espelho d’agua, formado após a queda d'agua, vagarosa e constante. Os pássaros ali eram muitos, e dentre eles um fazia um estranho movimento. 

Saulo observava os olhos de Ankaa, em perfeita harmonia com o que fazia o pássaro, como se o controlasse. Oscar percebe o mesmo. 

— É você que faz isso? Indaga Oscar a Anka. 

— Você o controla Ankaa? Reforça o questionamento Saulo. 

Ankaa sorri, liberta o passarinho, e responde. 

— Sim. Eu o controlo. Assim como o vulcão. É mais difícil porque ele resiste, mas com o tempo fica fácil. 

Os gêmeos se assustam, mas ao mesmo tempo se interessam. 

— Como é isso? Indagam juntos os gêmeos. 

— Vocês são engraçados. Comenta Ankaa. — Falam muita coisa juntos. São boas pessoas. Namorando a Shina e a Marah. Elas são bonitas. Eu gosto da Lubian, mas ela nem olha pra mim. 

Oscar ri, e acaba interrompendo Ankaa. 

— Você fala bastante quando quer, né rapazinho. Brinca Oscar admirado. — A Lubian é muito bonitinha. Combina com você. Vamos fazer um acerto? Eu te ajudo com ela, e você nos ensina como controlar o passarinho. Aceita?

Ankaa para e pensa por poucos segundos. 

— Aceito. Responde o menino. A Marah é amiga da mãe dela. 

Saulo, curioso para saber como Ankaa chegara a tal controle finaliza o assunto. 

— Fechado. Agora explique para a gente como você faz isso. 

Ankaa faz um rosto de tristeza. 

— Não posso! Afirma Ankaa para a surpresa de todos. — Meu pai me proibiu de fazer isso. Faço escondido dele. Se ele souber briga comigo. 

Nesse momento surge Melias, e Ankaa fica com medo. 

— Isso mesmo Ankaa. Enfatiza Melias. — Que bom que você se lembra. Sempre soube que vem para cá, mas desta vez você convidou nossos amigos. 

Saulo e Oscar ficam sem graça. 

— Desculpe-nos. Diz Saulo. — Não queríamos causar problemas. É melhor irmos. 

Melias balança a cabeça, e abraçando Ankaa os impede de ir. 

— Não vão ainda. Afirma Melias. — Há mais essa técnica para aprenderem. Pelo menos tentarem, pois nunca consegui fazê-la. Sem falar que prometeram ajudar Ankaa com Lubian. Não é isso filho? Melias olha para o menino com carinho. 

Ankaa feliz acena que sim. Saulo e Oscar compartilham da felicidade do menino, e Ankaa começa a ensinar a técnica com um pássaro. 

— Você chama a atenção, e integrando-se a ele, assume o controle, impedindo seu livre arbítrio. É uma ordem. Assim. 

O menino faz novamente, e o pássaro faz movimentos aleatórios sem sentido. 

Melias se incomoda com aquilo, e interrompe o controle. 

— Chega disso. Diz. — Deixe o animal livre. Você já explicou como é. 

Oscar e Saulo concordam com Melias. 

— Isso. Diz Saulo. 

— Roubar o direito de escolha não é bom. Completa Oscar. — Já entendemos como funciona. Agora vamos procurar Lubian para você, pequeno Ankaa. 

— Vão mesmo? Ankaa estava surpreso. 

Saulo sorri. 

— Claro! Atende Saulo a euforia do menino. — Você cumpriu sua parte no acordo. 

Melias contata a mente de Saulo e pergunta se é verdade o que ele dissera. Saulo acena que sim

Melias fica impressionado ao ver que pelo olhar de Oscar ele também assimilara a informação. 

O experiente lemuriano transporta todos daquele lugar, e os gêmeos partem para sua missão. 

Uma semana se passa, e Saulo encontra na praça, recém inaugurada em Tessalian, Tyrian e Lubian. Ele brinca com a menina. Oscar a distância aguarda a primeira abordagem de Saulo. 

— Lubian, a pequena alquimista. Sorri, e cumprimenta sua mãe. — Olá senhora Tyrian. 

— Olá Saulo, o novo filho estrangeiro de Lemúria. Saudosamente brinca a lemuriana. 

Saulo sorri, e pensa na frase de Tyrian. 

— Pois é. Situação diferente a minha e do meu irmão. Comenta. 

Oscar se aproxima, e Tyrian, sempre simpática, interage um pouco mais. 

— Como vão os namoros de vocês? Sai casamento? Sorri. 

Saulo sente a pressão de todos, que Mariah já havia lhe comentado. 

— Sai sim, mas tudo a seu tempo. Sorri. — Mas . . . e a nossa pequena alquimista, muitos pretendentes? Brinca Saulo. 

— Poucos. Responde a menina. — Na verdade o menino de quem eu gosto vive mudo, no mundo da lua. Saulo entende ser Ankaa. 

— Humm. Comenta Saulo. — Conheço um menino meio mudo que queria te conhecer, mas você quase nunca aparece. 

Os olhos da menina brilham, e a empolgação de Lubian anima Tyrian. 

— Quem é? Que saber Lubian. 

— Acho que você não conhece. Brinca Oscar. — Ankaa é o seu nome. 

Os olhos da menina brilham ainda mais, e um surpreendente sorriso surge no rosto de Tyrian. Quando Marah surge ao lado de Saulo. 

— Olá Marah. Cumprimenta Tyrian para o susto de Saulo. 

Saulo vê Marah sorridente, e continua a conversa com Lubian. 

— Posso te levar até ele se você quiser, e sua mãe deixar é claro! Diz Saulo. 

Lubian sorri, e prontamente responde. 

— Mas eu sei onde ele fica. 

Saulo põe a mão no queixo pensando na próxima frase, diante de tão perspicaz criança. 

— Posso ir contigo, e fazemos uma surpresa para ele. Propõe. — O que vocês acham? Indaga olhando para a mãe dela. Marah o cutuca. 

Lubian olha para a mãe pedindo um sim. 

— Se Marah for junto pode sim. Responde Tyrian. 

A menina olha para Marah pedindo outro sim. 

— Tudo bem! Responde Marah, e Saulo fecha o acordo. 

— Amanha às dez horas aqui, podemos combinar assim? 

Todos aprovam, e felizes partem por seus caminhos quando Tyrian interrompe. 

— Uma outra coisa . . . Chama a atenção de todos a mãe da menina. — Poderia Rose ir com vocês? Ela fica em casa tempo demais. Precisa de ares novos. Ela os ajudaria a tomar conta de Lubian. 

Marah e Saulo se olham com expressão de pouco conformados. Oscar nem se manifesta. 

—Tudo bem. Responde Marah pelo grupo. 

Tyrian sorri. 

— Obrigado. Sempre soube pelas estrelas que os gêmeos do continente foram enviados por Atena. Sinto que grande são os planos para esses dois belos casais. Saulo e Marah, e Oscar e Shina. Tal como Marah, Shina já estava ao lado de Oscar. 

— Não se preocupe Marah. Continua Tyrian. — Teu amor está escrito nas estrelas. Nas estrelas da constelação de gêmeos, e no mais alto do céu. Serás uma grande mulher ofuscada pela história. E tu Saulo, um grande homem ofuscado por tua consciência. 

O casal ficava tenso com tantas revelações futuras. O clima é quebrado com a chegada da bela Rose, de olhos cor azul turquesa. Todos se impressionaram com a beleza da jovem, da mesma faixa de idade dos dois casais.

Com uma ponta de inveja, reclama Lubian. 

— La vem ela roubar a cena, com seus olhos azul turquesa. 

Rose ri do ciúme da irmã. 

— Para com isso menina. Brinca. — Bom dia Saulo, Marah, Oscar e Shina. Como vão vocês. Cumprimenta a jovem. 

Todos se admiram ainda mais de Rose, e Saulo pensa 

— Uau! Como uma jóia rara como esta fica presa em casa.

Marah percebe a admiração de seu par e fecha o rosto.

Rose ri, e responde. 

— Joia eu? Joia é minha irmãzinha, a maior telepata de Lemúria. Se o futuro me reserva algo bom, não sei. Esperarei para saber com o tempo. Meus dons ainda serão revelados, e os partilharei com alguém. Por ora ainda não surgiu ninguém interessado em meus olhos azuis, assim continuo esperando. 

Saulo fica admirado, pois não havia dito nada, e Marah já estava diferente. Ela olha para ele com semblante amistoso, como se soubesse de tudo. 

— Vejo em você um grande dom, a sabedoria. O mais nobre de todos eles. Será muito bom estar contigo. Comenta Oscar espontaneamente, para o olhar desconfiado de Shina. 

Rose, silenciosa como de costume, com um sinal de cabeça agradece. 

— Precisamos ir. Obrigado Tyrian. Despede-se Saulo. 

— Disponha e obrigado por cuidarem das meninas. Confio em vocês. A gente marca uma conversa. Despede-se a lemuriana. 

Todos retornam as suas casas, e Marah fica pensativa sobre tudo que ouvira de Tyrian. O ofuscamento dito por Tyrian deixa Marah preocupada, e no rosto de Saulo a preocupação era a mesma. 

Chegando em casa Oscar sente o olhar preocupado do irmão. 

— Aconteceu alguma coisa irmão? Investiga Oscar. 

— Não, tudo sobre controle. Escorrega Saulo. 

Saulo decide guardar para si o impacto das revelações ouvidas, e desconversa. 

— A menina topou vir, e Ankaa terá uma bela surpresa. 

— Imagino. Completa Oscar preocupado. 

Saulo lembra-se de Rose, irmã de Lubian. 

— A irmã dela, Rose, tem os olhos mais lindos que eu já vi. Comenta. — Enigmáticos olhos azul turquesa. Creio que esses olhos terão ainda muito a revelar. 

— Tem razão. Completa Oscar. Ela me assusta. E quem Marah e Shina não nos ouçam. Os gêmeos por fim dão boas risadas. 

A noite se fecha, e conectados Marah, Saulo, Oscar e Shina compartilhavam as angustias e verdades daquele longo dia. 

Amanhece, e como combinado às dez horas, se encontram Saulo, Marah, Oscar, Shina com Lubian, e a bela Rose, trazidas por Tyrian.  Confiante na segurança das filhas Tyrian as deixa com os dois casais. 

Olhando os quatro Tyrian fala novamente verdades futuras. 

— Quatro pessoas escolhidas por Atena. Afirma. — Cada qual com seu papel na história futura desta terra. Minhas filhas não poderiam estar em melhores mãos. 

Nesse momento Tyrian vê uma bela mulher de olhos azul turquesa, levando pela mão a deusa Atena. 

— Não sei como. Continua Tyrian. — mas todos conectados por Atena. 

Ela entrega Rose as mãos de Marah e Saulo, e Lubian as mãos de Oscar e Shina. Nenhum dos seis nada entende, e ela segue seu caminho para casa. 

Ankaa chega pelas mãos de Katina, e pode enfim conhecer Lubian, tímido apesar de tudo. Enquanto as crianças brincam juntas, os dois casais ficam cada vez mais admirados com as palavras sábias da jovem Rose. 

ANOS DEPOIS . . . 

O tempo passa e Saulo e Oscar passam a ser considerados ilustres moradores de Lemúria. O barco preparado para a partida só sairia do porto de Casparian muitos e muitos anos depois

Saulo e Oscar em Lemuria fazem residência, e com a autorização do Sr.  Anaor se casam com Marah e Shina, num grande momento de alegria para toda a Tessalian. 

Três anos após as revelações enigmáticas de Tyrian nascem na casa de Oscar e Shina os gêmeos Ozir e Sig, e da união entre Saulo e Marah é concebida Sofia, com o sacrifício da vida da zelosa lemuriana. 

Foi grande a tristeza em toda a Lemúria, mas Marah morrera com um sorriso no rosto, como se recebesse de alguém grande notícia. 

MESES ANTES. 

Em certa noite, em Lemúria, do mais alto céu riscou um grande raio.  Antes mesmo que o choque chegasse ao cume do monte Sagres a luz se dissipa, e um forte cosmo é sentido por todos. 

A luz visita diversas casas, e dentre elas as de Katina, Tyrian, Marah e Shina. 

Durante um sonho feliz, Marah avista uma bela jovem de vestido branco e aura divina. A aura de paz não deixa dúvida, era Atena visitando sua serva. 

Atena, com seu cosmo quente, se dirige a Marah. 

— Marah, a partir de hoje terás uma importante missão. Inicia sua narrativa a deusa. — Darás a luz a Sofia, minha presença física nessa época. Preciso de ti duas atitudes de mãe: Abrir mão de um de teus filhos, e dar a vida pelo outro. Não é hora do nascimento de um deles, e o outro precisava de tua força vital para viver o futuro que o aguarda. 

Marah não sabia o que dizer diante tão dolorosos pedidos. Marah ficou surpresa, pois tratando-se de quem os fez, poderia apenas Atena fazer. 

Atena percebeu a dor da decisão de Marah. 

— Teu filho nascerá em outro momento, e será essencial para o equilíbrio da terra. Afirma Atena. — E tua filha abrigará a minha alma. Ela estará em boas mãos, sob meu olhar até o momento de meu despertar. 

Marah, percebendo a importância de sua decisão, lembrou-se do que te disse Tyrian. Ela já estava certa de tudo. 

— Estavas enganada Tyrian. Afirma Marah. — Não estarei ofuscada, pois Atena está diante mim, e ouve meu SIM. Estou a seu dispor, minha Senhora Atena. Conclui Marah, para o sorriso de Atena. 

— Sabia que podia contar contigo. 

Atena toca o ventre de Marah, e retira uma das crianças. Ela se vai, e ao acordar Marah de nada se lembra, mas sabe apenas que tinha muitos motivos para sorrir, apesar de não saber bem ao certo o porquê. 

Nesta noite Atena visitara muitas casas e pessoas, e anunciaria muitas missões. 

MESES DEPOIS

A pequena Sofia, seus primos Ozir e Sig eram os mais novos habitantes de Lemúria. De sangue misturado, tinham muito a se revelar ao longo do tempo. 

A perda de Marah marcou fundo o coração de Saulo, e apesar do grande cuidado pela menina o coração do valoroso guerreiro havia se fechado para a felicidade.  Ele contava sempre com a ajuda de Rose,

Oscar e Shina, de perto tudo acompanhavam, mas se mantinham afastados do cuidado diário por pedido do próprio Saulo. 

A vida seguia e muitas eram as noites que Rose dormia com Sofia para cuidar das dores e cólicas da menina, e isso havia gerado comentários e boatos maldosos.  Contavam que eles viviam como casal, e Saulo não respeitava o luto por sua esposa. 

Muitos conflitos foram gerados envolvendo as pessoas e Oscar, Shina e a própria Tyrian.  A mãe da moça confiava plenamente na honestidade de Saulo. 

Certo dia Saulo levara Rose em casa, e a agradecia por sua ajuda no portão ao fim da noite, quando alguém passou comentando. 

— Olha só . . . Levando a namoradinha em casa . . . que romântico! Afirma a pessoa de forma taxativa. — O corpo de Marah mal esfriou! E você menina, já devia estava preparando o golpe há tempos, hein … coisa feia! 

Saulo se irritou mais do que o normal. Ser agredido já era rotina, mas a agressão a Rose ele não aceitaria. 

Saulo movimenta o braço, e como uma marionete o homem que o agredia com palavras veio voluntariamente a Saulo. Saulo esmurrava com fúria, e o homem não reagia.  Via-se a expressão de dor que sentia, mas a falta de reação a todos impressionava. 

Rose ficou estarrecida com tudo aquilo, e entrou assustada em casa. 

Oscar de sua casa percebeu a falta de equilíbrio de Saulo, se teletransportando junto a Shina, interrompendo a ação de controle do irmão. O homem cansado caiu, e Saulo se deu conta do que fizera. Via nos olhos de Rose, a porta, a dor e o susto que causara a todos. 

Todos ficaram horrorizados com a cena, e os até então heróis passariam a ser reavaliados por todos. 

Saulo saiu disparado sem rumo, e Oscar saiu em seu rastro. Depois de muito correr Saulo cai, sendo levantado por seu irmão que vinha logo atrás. De repente uma luz os transporta para o belo local onde os gêmeos haviam aprendido o controle total. 

Atena surgia entre eles acompanhada de Ankaa. 

— Sou Atena.  Apresenta-se a deusa. — Vim para confortar teu coração, Saulo, meu valoroso guerreiro. Saiba que a ti sou muito grata. Por sua vida terei vida nessa terra. Por teu zelo serei uma bela jovem, educada e determinada. Por tua decência Rose será honrada e desposada por um lemuriano de valor. Ela gerará importantes pessoas para a minha vitória diante os desafios que me esperam. 

Saulo, em posição de reverencia, estava confuso. Não acreditava no que teu raciocínio lhe impelia a compreender. Ele era o pai de Atena nessa era. Oscar compartilhava da mesma surpresa. 

— Levante-se Saulo. Ordena Atena. — Quero ver teus rostos. 

Os gêmeos levantam-se. 

— Eu os conduzi até aqui. Prossegue Atena. — Vocês escreveram seus destinos, e me deram a oportunidade de escrever também o meu. 

A deusa dirige-se a Oscar. 

— És pai de meus dois mais fieis e poderosos guerreiros no futuro. Declara Atena.  — A eles depositarei minha total confiança. 

Com carinho Atena olha para Saulo. 

— Meu valoroso guerreiro. Atena toca o rosto de Saulo. — A ti confiei a mais dolorosa das missões: ser pai de minha reencarnação nesta época, a custo da vida de sua amada. Agradeço a sua dose sempre alta de amor. 

Saulo entende a morte de sua amada Marah, e sente seu coração respirar mais leve. Um grande fardo de dor saia de suas costas. 

Atena o olha com misericórdia, mas com firmeza. 

— Erraste ao aplicar teus conhecimentos em momento de fúria. Repreende a Saulo, Atena. — Esa técnica está selada por mim, neste momento. Quem ousar utilizá-la sofrerá com minha ira divina. Apenas eu posso permitir seu uso. 

Saulo estava desejoso de se manifestar, mas em respeito a Atena se continha. A deusa percebendo com um gesto o autoriza a falar. 

— Perdoe-me minha Senhora Atena. Redimi-se Saulo. — Faça desse teu servo o que melhor lhe convier. 

A redenção de Saulo agrada Atena, que sorri. 

— Sempre soube de sua fidelidade, Saulo. Afirma Atena. — Não te farei castigo algum. Conhecerás a técnica, junto a Oscar, Melias e Ankaa, mas não a executará. 

Oscar se manifesta com as mãos, pedindo para falar. Atena concede. 

— O que faremos? Indaga preocupado. — De certo não seremos mais bem quistos em Tessalian após tal incidente. Deveríamos partir com nossos filhos?

Séria, Atena olha para Oscar. 

— Vá e leve seus filhos. Reponde Atena. — Seja sábio e eles te responderão a altura. 

Em seguida a deusa dirige-se para Saulo. 

— Vá para Temísia, Saulo. Ordena Atena. — Leve contigo Rose e Sofia. Vocês a criarão no templo do Gran-Conselho. Quando Sofia completar quatorze anos vá para meu templo em Atenas. Organize meu exército para a guerra que virá.  Ela chegará até você aos quinze anos. Em breve estarei contigo, e você se lembrará de meu sorriso em tua filha. 

Saulo estava resignado. 

— Sim, Senhora Atena. Responde. — Da forma que desejar. 

A luz que inundava o local, emanada por Atena, começa a cessar e a deusa profere suas últimas palavras naquele momento. 

— Cumpram suas missões. Ordena. — Não estarão sós. Oscar irá para a Ática, vigiar o mar do paredão costeiro grego. E em seu tempo Saulo irá para meu templo em Atenas. O tempo é favorável, e suas embarcações serão conduzidas por bons ventos ao seu destino. Eis o seu falcão, Oscar. Gentileza de Melias de Tessalian. 

Todos foram transportados a local seguro. 

Os dias passam, e o incidente é esquecido por todos. Era grande a comoção pela partida de Oscar, Shina, Sig e Ozir. 

Os anos passam e Saulo e Oscar pouco se veem. Eles sentem suas energias até certo momento da vida. Em dado momento os fio que une os irmãos aparentemente se rompe, mas os gêmeos velam um pelo outro de Ática e de Lemúria, cumprindo a missão dada por Atena. 

Saulo acompanha passo a passo as vidas de Oscar, Shina, Ozir e Sig. Nas vezes em que a família visita Lemúria.

Resignada a sua missão a família segue sua história atrelada a vida da deusa da Guerra, onde o sorriso do pai é o sorriso do servo, e a do filho é também a de sua Senhora. 

Por ser humano, sem os dons dos lemurianos, Saulo recebe de Atena a técnica da longevidade, quando a jovem Sofia retribui ao seu honrado pai o dom da vida que recebera, por vontade e serviço de Atena. Saulo seria um servo direto da deusa, e importante peça nas lutas vindouras. 

TEMPO PRESENTE. 

Ozir retorna de suas lembranças, conhecedor que toda a sua família serviu Atena como grande dedicação. Não poderia ele falhar. 


O PODER DO CONTROLE TOTAL É REVELADO E SELADO POR ATENA. AS HISTÓRIAS DE FAMÍLIA SE ENTRELAÇAM, E O FUTURO VAI SENDO DESENHADO POUCO A POUCO. 

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