quinta-feira, 22 de junho de 2017

Prelúdio - Ato 015 - A Senhora das Águas


Um ano antes da derradeira vitória de Atena sobre Poseidon nasceriam três gerações de soldados para a confraria de Atena. Territórios de Atena iam sendo retomados pouco a pouco, e a vila de Graad foi um desses locais.

Na região da Sibéria, das águas geladas do mar ártico saiam grandes grupos de marinas. Ariadne de Cisne, recém consagrada Amazona de Bronze, os combatia, mas a velocidade com a qual saiam do mar ameaçava a segurança da vila de Graad, localizada a quilômetros dali.

Com muita agilidade Ariadne derrubava grupos inteiros com apenas um golpe, mas depois de muito tempo lutando solitária se esvaiam suas forças e tudo parecia perdido.

Quando a invasão parecia inevitável eis que surge a leste uma grande massa de ar frio, os marinas viram estátuas de gelo e em seguida pó. O mar virou uma pista de gelo, forçando o recuo das forças de Poseidon.

Chegara Aria de Aquário para ajudar. Ariadne olha para ela e sorri.

— A Amazona de Aquário ...

Séria como de costume, Aria demonstra preocupação com sua companheira amazona.

— Estás bem Ariadne?

Apesar do tempo, era nítido que a Aria mudara muito pouco.

— Sim. Responde a jovem amazona.

— Observava tua performance. Continua Aria. — Tens força de vontade e lutas com amor, mas é necessário que eleves teu nível de cosmo. Teu ar frio pode ser derrotado, caso enfrentes alguém mais forte.

A amazona de Bronze atenta e respeitosa pela posição de Aria, compreende suas palavras e sinaliza positivamente com a cabeça.

— Treinarei mais!

Ariadne lembra-se de um tempo atrás, pensa em voz alta e resmunga.

— A Senhora das Águas.

Aria se surpreende com o que acabara de ouvir.

— Senhora das Águas ... Pensa.  — Há tempos não ouvia esta frase.

À mente da amazona dourada pairam lembranças, algumas doces e outras nem tanto.

UM ANO ATRÁS

Sentados em volta de uma antiga fonte, ao centro da vila de Graad - leste da Sibéria -, Aria, uma jovem moradora do local há por volta de dois anos, junto a algumas crianças brincava. Aria tinha o dom especial de transformar água em gelo, e naquele momento brincava com seu poder para a admiração de todos.

— Como você faz isso? Curiosa, pergunta a pequena Ada.

— Isso é muito legal!  Faz um pra mim também. Pediam as crianças.

Mas seu dom não era bem visto por algumas pessoas mais antigas da vila.

— Venha aqui Ada! Diz uma senhora. — Saia de perto dessa bruxa. Não é bem vinda aqui! Volte para o lugar de onde veio! Moça estranha!

Outras mães surgem e levam seus filhos, mas uma menina um pouco maior que as outras, aparentemente uns cinco anos mais nova que Aria permanece.

— Por que você não vai também? Pergunta Aria.

A menina abre um largo sorriso.

— Porque não quero. Afirma a menina.  — Gosto de teu dom. Gostaria de ter um igual ao teu. Gostaria de ser especial em alguma coisa, como você é ... “A Senhora das Águas”. O que você acha do nome?

Aria se encanta com a inocência da menina.

— Legal. Responde Aria. — Não me acha uma “bruxa”? Intrigada pergunta Aria.

A menina olha com carinho para Aria.

— Não. Responde. — Só acho que deverias sorrir mais.

Aria sorri depois de conselho de tão jovem pessoa.

— Fica mais bonita. Continua a menina. — Olhe só.

A menina aponta o espelho de água da fonte e Aria se vê sorrindo.

— Gosto de você. Diz a menina. — Pena que nunca sorri.

Acalentada pelas doces palavras, Aria agradecida mostra sua admiração.

— Obrigada. Diz Aria.— Também gosto de você. É simpática. Mas, qual o teu nome?

A menina inocente brinca.

— Meu nome ... Começa a menina. É quase tão bonito quanto o teu. Me chamo Ariadne.

A mãe da menina a chama e ela corre em sua direção.

— Aria, a “Senhora das Águas” ... É minha amiga. Diz a menina correndo.

A mãe de Ariadne olha para Aria, e amistosamente acena e sorri. Aria fica ali pensativa em tudo que ouvira.

Os dias passam e as forças de Poseidon chegam a vila. Os homens e jovens deixam as mulheres e crianças abrigadas nas casas, e ao barulho do grande sino pegam suas ferramentas de trabalho para defender sua terra natal. Em meio a mobilização, ainda sem saber o acontecia Aria é interpelada por um senhor que partia para batalha.

— Saia daqui. Procure um abrigo. Os monstros vindos do mar estão invadindo a vila. Proteja-se, querida!

Atordoada Aria vê uma criança encolhida perto da fonte e apavorada com todo o barulho e movimento. Aria a reconhece. É Ada, a menina cuja mãe a chamou de bruxa.

— Venha comigo pequena! Diz Aria.

A menina a reconhece e mostra total confiança.

— A moça do gelo. Diz a menina abraçando-a a forte.

Aria, admirada pela confiança demonstrada pela menina, sorri, agindo imediatamente.

— Vou te levar pra casa. Sobe no meu colo. Acolhe a menina Aria.

Ao se aproximar da casa ela vê a mãe da criança aos prantos, mas ao ver a filha nos braços de Aria um brilho de alívio surge em seus olhos.

Ela solta a menina, e quando a criança já está nos braços da mãe Aria dá as costas e segue embora. A mãe da menina a interrompe.

— Espere! Por favor! Obrigada por salvar minha menina. Desculpe o que disse para você. Salve a vila. Use seu poder. Sei que podes ajudar. Te peço ... Senhora das Águas!

Agora mais intrigada do que nunca, Aria para e volta seu olhar a senhora.

— Onde ouviu isso? Indaga Aria surpresa.

A senhora, visivelmente humilde, responde.

— Ouvi a menina Ariadne dizer. Que não era uma “bruxa”, mas a “Senhora das Águas”. Que um dia seria como você e salvaria alguém. As crianças com sua inocência sabem ler a alma das pessoas. Se ela viu em tua alma a esperança, eu acredito nisso. Eu confio em você.

Os marinas avançam mais e mais e não sucumbem às rústicas ferramentas dos moradores da vila que recuam.

O homem retornando vê que Aria continua no mesmo local que outrora vira.

— Volte menina! Diz ele. Não deverias estar aqui. Eles são muitos. Não conseguiremos vencer.

Aria, certa de que poderia fazer algo, movimenta teus braços e uma cortina de neve varre a entrada da vila em direção aos inimigos.

Os homens viram-se e ao dissipar da nuvem de gelo veem que os “monstros do mar” viraram estátuas de gelo, e uma delas se esfarela diante seus olhos.

Surpresos com o ocorrido olham para Aria e partem ao campo de batalha destruindo as estátuas de gelo restantes. O homem que outrora dissera a Aria que se abrigasse, com um movimento de mão cede a jovem a liderança do grupo.

Um corredor se abre e Aria passa sob o olhar confiante de todos.

— Vamos! Diz o homem. Essa é nossa terra! Temos a Senhora das Águas do nosso lado! Vamos lutar!

Aria levanta a névoa de gelo trecho a trecho, e os homens e jovens destroem a estátuas de gelo.

Os marinas recuam para o mar. Todos retornam felizes com a agradável sensação de vitória.

Aria passa a ser aclamada como “Senhora das Águas” e torna-se amada por todos, contando com a confiança de todas as mães ao brincar com seus filhos.

Por teu feito Atena chega a vila em busca de Aria. Aria parte com a deusa à Atenas.

Na ausência de Aria, apesar da esperança e grande garra dos moradores da vila, esta sucumbe ao segundo ataque de Poseidon, dias depois de sua partida.

Aria, bem longe da vila, sente que algo errado ocorrera a vila. Com a permissão de Atena e acompanhada volta àquelas terras geladas. A vila em destroços tinha apenas três sobreviventes: Ada, sua mãe e Ariadne.

Aria chega perto da fonte, mantida intacta pelos marinas, e apavorada pela devastação causada pelo inimigo ouve uma voz. Olha em volta e descobre vir de uma pilha de escombros próximo dali. A casa de Ada.

— Aria ... Aria ... Aqui! Diz a voz.

Aria vê uma mão ensanguentada movimentando-se em tua direção.

— Senhora das Águas ...

Aria revolve os escombros e vê as três sobreviventes.

— Lutamos ... Diz a senhora. — Resistimos ...  e quase vencemos. Mas do mar veio um demônio. Usava uma armadura amarelada, que só em mexer os braços acabou com tudo. Não tivemos chance contra ele.

A senhora tosse, e o sangue que sai de sua boca mostra seu estado de saúde.

— Consegui me esconder aqui, mas não resistirei ... Cuide de minha filha e de Ariadne. Sua família foi dizimada.

Empenhada em salvar a todos, inclusive a senhora, Aria se levanta.

— Não. A senhora vai viver. Buscarei ajuda. Retruca Aria.

Sabendo de seu destino, interrompe Aria a senhora.

— Não. Não vá. Diz a senhora puxando Aria pelo braço. — É perigoso. Salve as crianças.

A senhora tosse uma última vez.

— Elas são protegidas dos céus, pelas constelações de Cisne e Aquário. Elas são especiais. Cuide delas! Senhora das Águas ... Eu te rogo.

A senhora tem uma taquicardia e suspira.

— Vejo uma jovem de branco. Diz. — Um anjo? Ela pega minha mão ... e toca minha testa. Será um sonho?

Tranquila e certa do que era tal visão sorri Aria, com uma imagem a mente.

— Atena! Conclui Aria. — A senhora está em boas mãos. Está salva.

As meninas olham para Aria com um singelo brilho nos olhos. A confiança estava estampada nos sorrisos de Ada e Ariadne, que apesar da morte ao lado permaneciam calmas.

— Atena! Diz Ada. — Mamãe se foi com Atena.

O espírito de Atena olha para as meninas e sorri, enquanto ascende aos céus com a mãe de Ada.

Ada dá a mão a Aria, que sorri e pega a mão de Ariadne seguindo ao que seria a nova casa das meninas. Sig e Anryu as esperavam. Sig brinca com Ada que a ele sorri. Uma pequena embarcação os aguarda e todos seguem na longa jornada a Atenas. Anryu brinca com maçãs e diverte as meninas. Sig pilota o barco, e Aria a proa pensa no destino e seus artifícios, por vezes cruéis.

DE VOLTA

Os grupos de marinas foram derrotados, e as amazonas, nostálgicas com a história e energia do local estavam felizes pelo reencontro, mas uma forte onda de cosmo varre o continente advinda do mar.

Algo mais reservara aquele dia para o exército de Atena.


A MORTE LIGANDO PARA SEMPRE TRÊS DESTINOS. UMA NOVA CHANCE DE VIDA EM NOME DE ATENA.

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