quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Prelúdio - Ato 013 - O poder do controle


Mais resignado pela consciência da atitude honrada de seu irmão Sig, Ozir mergulha novamente em suas lembranças. Desta vez as lembranças eram mais amargas.

Ozir recordava da técnica secreta ensinada por seu pai Oscar, semanas antes de tua morte. Uma técnica selada por Atena, por ele e seu irmão Sig nunca realizada em respeito a ordem dada por seu pai.

Ozir lembra-se de teu irmão e de teu pai. As alegres lembranças dos últimos momentos são misturadas a tristeza da perda.

QUATRO ANOS ATRÁS

Oscar após tão prodigiosa ação de seus filhos diante de Chris de Crysaor, resolve ensiná-los a técnica que aprendera e aperfeiçoara ao longo da vida. As feridas ainda que tratadas, sinalizava a Oscar que seus dias restantes na Terra eram curtos.

Sig sabia da importância da lição que aprenderia, mas temia pela morte pai, e pelo grande choque que a perda traria a Ozir.

Acompanhado de perto por Jéssica, a quem tinha como filha, Oscar insistia em levantar e acompanhar o treinamento dos filhos coordenados por Maia. Ela fazia um bom trabalho, mas Oscar tinha planos mais ousados para seus filhos.

Numa manhã Oscar se levanta bem cedo, antes mesmo de Jéssica que velava seu sono. Oscar esperava a chegada dos seus filhos, e de Maia. Ele estaria dispensando-a do treinamento a partir daquele momento.

Oscar é recebido por Ozir e Sig com a euforia do primeiro, e preocupação do segundo.

— Bom dia crianças! Cumprimenta Oscar.  — Serei a partir de hoje o mestre do treinamento de vocês.

— Que bom papai. Comemora Ozir.

Oscar olha para Sig e vê nele a expressão séria de um velho sábio.

— Tudo bem meu filho? Dirige-se Oscar o menino. — Por que esse ar tão sério?

O menino olha profundamente nos olhos do pai e não muda de expressão.

— Deveria estar descansando, Pai. Firme responde Sig. — Precisa se recuperar.

Oscar sorri, e bagunça o cabelo do filho.

— Não se preocupe meu filho. Comenta Oscar. — Não morrerei antes de contar-lhes um antigo segredo.

O semblante de Oscar muda, e transparece uma grande tristeza.

— Um segredo que custou minha separação de meu irmão.

Oscar respira fundo e busca energia para prosseguir.

— Segredo que por Atena afastou de mim seu tio, o mais forte de nós dois.

Ozir olha para Sig como se conhecesse a história por Oscar narrada.

— Como Sig e Eu ... Pensa Ozir. — Mas não permitirei que Sig morra. Terei que ser mais forte que ele. Mais forte que meu pai.

Oscar vê Ozir pensativo olhando para o irmão.

— Ozir ... Ozir ... Chama Oscar. — Acorda rapaz!

O pai então entende a herança de sua família refletida em seus dois filhos.  O legado da constelação de Gêmeos. Segundos depois é Oscar que fica pensativo.

— Ozir e Sig ... Pensa Oscar.  — Como eu e Saulo ... Mas eu sei que tal destino não se repetirá.  Eu sei disso.

A viagem a longínquas lembranças por Oscar é interrompida com a agitação das crianças. Cada um puxando por um braço, tentavam Ozir e Sig trazer o pai de volta a realidade.

Oscar se lembra de quando mais velho que os meninos aprendera algo valioso para o resto de sua vida.  Ele volta a si decidido do que faria em seguida

— Meninos. Preparem-se.  Amanhã nosso treinamento será em Lemúria, no monte Jutsu. Partiremos na primeira hora.

— Tessalian? Juntos perguntam os meninos. — É muito quente. Reclama Sig.  — E o monte Jutsu dá medo. Comenta Ozir.

Oscar acha graça da reclamação das crianças.

— Então preparem-se! Afirma.  — A partir de amanhã, nossa caminhada será longa.

Oscar sai, e sinaliza a Maia que inicie o treinamento daquele dia. Maia ensinava o domínio do cosmo sobre os objetos.

Com o novo dia uma nova parte da história do poder de gêmeos seria contada. Sig e Ozir estavam atentos. Oscar não pouparia detalhes.

QUINZE ANOS ATRÁS

Em Lemúria, Tessalian é a província mais afastada.  A ilha foi projetada de forma concêntrica ao redor do monte Jutsu. A ocupação em torno da montanha devia-se ao calor do vulcão de baixa atividade, fonte de energia da ilha.

Com o passar dos séculos novas províncias foram sendo formadas e a população se afastando para o litoral, onde passaram a explorar outras fontes de energia como o vento, a força dos rios, e o quebrar das ondas.

Com a migração uma pequena porção da população passou a habitar próximo ao monte Jutsu, e em homenagem a uma velha senhora de duzentos e dezoito anos que falecera deu-se ao local o nome de Tessalian a província do monte Jutsu.

A tecnologia de utilização do calor do vulcão era considerada obsoleta por todos, mas era satisfatória àquela população cálida como o vulcão que ali ardia.

Certa vez os medidores de temperatura do monte mostraram um valor preocupante, mas esperado por todos. A fúria do monte Jutsu já era prevista.

Melias, o Mestre Alquimista da província tranquilizou a todos, e garantiu que ficariam seguros se o pior acontecesse.

Melias vai ao encontro de Assis de Casparian, Gran-Mestre para tratar da situação, e conhece dois jovens vindos do continente. Uma tempestade no mar os obrigaram a atracar em Lemúria, uma ilha até então desconhecida por ambos.

Saudoso da chegada de Melias, e preocupado com a situação de Tessalian, Assis prontamente atende seu colega Mestre Alquimista.

— Seja benvindo, Melias de Tessalian! Saúda Assis.  

Melias retibui a saudação muito curioso com os dois estranhos de igual aparência, algo nunca visto em Lemúria.

— Oh! Desculpe a indelicadeza! Lamenta o Gran-Mestre. — Conheça Saulo e Oscar, moradores do continente, que com prazer recebemos em nossa ilha.

O olhar de estranheza de Melias chama a atenção de Saulo.

— Olá. Mas por que nos olha assim? É nossa aparência? Saulo tinha percebido a mesma reação de Assis, mas discreta.

Melias percebe sua indiscrição.

— Desculpe. Estou sendo deselegante. Sejam benvindos a Lemúria. Mas me permitam um comentário.

Saulo e Oscar se olham como numa transmissão de pensamento, e com uma saudação autorizam as palavras de Melias.

— Nunca vi gêmeos antes. Comenta Melias. — Não há gêmeos em nossa ilha.  Apenas havia ouvido falar.

Os gêmeos acham estranho.

— No “continente”,  como vocês dizem, acontece de vez em quando. E numa família de gêmeos há a forte tendência de haver descendentes também gêmeos.

Melias estava confuso, e a dúvida estava desenhada em seu rosto.

— Soubemos que tem problemas em sua província. Comenta Oscar. — Teremos prazer em ajudar no que for possível. Teremos que esperar o mar se acalmar mesmo.

Melias se empolga com a oferta.

— Aceitamos, o povo de Tessalian agradece.

A presença dos dois estranhos jovens atuou como uma injeção de ânimo a Melias. Essa mudança é percebida por Assis.

— Creio que nosso assunto já começa a se resolver Melias. Pondera Assis.

Melias sorri.

— Por hora sim, Gran-Mestre. Responde Melias.

O lemuriano lembra-se da cabana onde moraram seus pais, hoje fechada.

— Gran-Mestre, nossos visitantes já possuem abrigo?

Assis de Casparian sorri.

— Não, mas tenho certeza que há em Lemúria um local bem aquecido para recebê-los.

Melias agradece a confiança.

— De certo que sim. Comenta Melias. — Será um prazer recebe-los em nossa província. O calor do monte Jutsu os manterá aquecidos.

A frase engraçada traz a tona muitos risos, um excelente remédio àquele clima tenso.

Oscar e Saulo percebendo o momento entendem estarem incomodando a audiência entre os lemurianos se manifestam.

— Creio que veio ter uma audiência com o Gran-Mestre, Melias. Diz Saulo. — Não queremos ser inconvenientes, podemos aguardar lá fora.  Aproveitamos para conhecer o local, se assim nos permitirem.

Imediatamente o Gran-Mestre os interrompe.

— Absolutamente! Quebra o silêncio. — Nos acompanhe e ajude-nos em nosso problema. Quatro cabeças pensam melhor que duas.

Novamente todos riem, naquele momento descontraído.

— Não se preocupem. Completa Melias. — Terão oportunidade de conhecer a ilha. Além disso do monte Jutsu é possível visualizar toda a ilha e oceano ao redor. Saberão das condições do mar, e do momento propício de suas partidas.

Saulo e Oscar, juntos sinalizam positivamente.

— Então está certo! Afirmam juntos os gêmeos.

O Gran-Mestre aponta a frente e todos seguem a salão do sacerdote maior.

As portas da sala se abrem, e dois novos assentos surgem no local. Saulo e Oscar se olham admirados enquanto Melias ri.

— Poder telepático. Explica Melias. — Habilidade inata dos nascidos em Lemúria.

Saulo e Oscar estavam encantados.

— Fascinante! Comenta Oscar. — Nunca antes havia visto.

O Gran-Mestre aponta a todos os seus assentos. Todos sentados prossegue Assis de Casparian.

— Melias, relate-nos a atual situação de Tessalian. Tua visita me preocupa. Pondera Assis.

— Certamente. Inicia Melias. — Os medidores registraram grande aumento de temperatura e pressão no monte Jutsu. A província está tranquila, mas o perigo nos ronda.

Assis atento percebe que o momento por ele imaginado infelizmente chegara.

— A situação é crítica, mas tenho certeza que temos uma chance. Estou certo Melias? Comenta Assis.

Os visitantes ficam curiosos com a frase solta no ar. Melias percebe e me manifesta.

— Sim, Gran-Mestre. Responde Melias. — Saulo e Oscar, lhes mostrarei algo, e gostaria que isso fosse bem utilizado pelas gerações futuras. É uma antiga técnica que tem seu momento de chegar ao mundo.

Saulo e Oscar se olham ainda mais curiosos.

— Seguiremos para Tessalian, e lá saberão mais do que falo. Conclui Melias.

O dia chega ao fim e o crepúsculo inunda a bela ilha de Lemúria com seu explendor.

Melias, Saulo e Oscar seguem para Tessalian, enquanto o barco dos visitantes era preparado para zarpar assim que se firmasse o bom tempo.

A caminhada longa era compensada pela exuberante paisagem, e na proporção que se aproximava de Tessalian, o calor só aumentava. Oscar e Saulo estranharam tal alta temperatura, visto serem nativos do litoral onde os ventos são generosos.

Chegada a província os visitantes sentiram-se em casa. O local apesar de pequeno era aconchegante, e o calor humano era maior que o do vulcão.

O vulcão causava leves tremores de terra, mas os moradores do local pareciam estar acostumados.

Melias levou Saulo e Oscar para sua casa, onde seria servido o jantar. O lemuriano tinha uma família pequena, sua esposa Katina e seu filho Ankaa.

Oscar achou o nome Ankaa interessante, e apesar de tentar não se conteve.

— Ankaa ... Belo nome. Comenta Oscar. — Teria associação com a estrela? É um nome exótico!

Melias ri.

— Sim. Responde. — Vejo que conhece dos mistérios do céu.

Oscar acha engraçado a surpresa de Melias. Para ele o céu era um território livre, sensação apenas compartilhada com seu irmão Saulo.

— É mesmo. Comenta Oscar. — Não sei o porquê, mas para mim o céu é como um grande pergaminho. Eu o leio tranquilamente. Sempre foi assim, não é Saulo?

Saulo ri, e confirma.

Melias pensa por um instante.

— Talvez seja um dom. Comenta. — Um dom especial.
Saulo, que de seu lugar observava entra na conversa.

— Creio que sim. Um dom passado de geração em geração. Nosso pai falava de locais muito além do espaço que conhecemos. Todos achavam ele louco.

Melias ri.

— É sempre assim. Concorda Melias. — É mais fácil chamar de louco. Mas ... vou lhes mostrar onde ficarão.  A casa é antiga mas é boa. Pertenceu a meus pais. Espero que fiquem confortáveis lá.

Saulo e Oscar trocam olhares de cumplicidade.

— Não se preocupe. Dizem juntos os gêmeos.

Todos os riem da situação.

— Acontece sempre. Diz Saulo.

— Mas ...  A recepção carinhosa é o mais importante. Diz Oscar. — Espero poder retornar aqui um dia.

Melias fica feliz com a disposição de Oscar.

— Voltem quando quiserem. Diz. — Pessoas de bem são sempre bem vindas aqui. Te deixarei um falcão de fogo. Essa espécie de ave é típica daqui, e sabe voltar para casa tal como nenhuma outra ave. Será meu presente a vocês, amigos. Vamos ver a casa.

Os homens saem para a citada casa, a uns duzentos metros de distância. Muito ali podia-se ver aos pés do vulcão, mas dois detalhes chamaram a atenção de Saulo e Oscar. Eram duas jovens mulheres muito belas, na porta de uma das casas no caminho.

Melias percebe o interesse dos visitantes e ri.

— Gostam das meninas. Brinca . — Parece que elas também gostaram. Mais tarde vocês conversam com elas. 

A casa era aconchegante e Melias já ia preparando tudo para noite dos visitantes. Os lençóis limpos e a falta de poeira mostravam o zelo que tinha Melias pela casa.

Tudo pronto eles retornam, quando Melias desvia seu caminho e segue a casa onde outrora estavam as belas moças. Oscar e Saulo param, tentando imaginar o que faria melias. Tempos depois sai Melias cumprimentando um senhor de idade, provavelmente o pai das jovens.

Melias começa a sair discretamente, mas não se contem.

— Elas jantarão conosco.  Informa. — Poderão conversar.

Oscar e Saulo se entreolham, felizes e ao mesmo tempo assustados.

— Como? Saulo estava confuso.

— Sério mesmo? Completa Oscar.

Melias se diverte com a situação romântica.

— Sim. Responde. — Elas sempre jantam conosco. São muito amigas de Katina. Mas tenham cuidado, elas são tímidas e ainda muito jovens. Não quero ter problemas com o pai delas.

Felizes com tal novidade, prontamente se posicionam os interessados visitantes.

— Pode deixar. Diz Oscar.  

— Ficará tudo bem.  Completa Saulo.

Chegando em casa Melias conta a Katina a novidade.

— Eu já previa,  e está tudo certo. Comenta a lemuriana.

Ela olha para os visitantes.

— O olhar enfático de vocês a parte só poderia significar duas coisas: Marah e Shina. Comenta Katina.

Todos riem.  A situação parecia um alento a problemática por qual passava a província.

Os jovens tomam um lanche descontraído com a feliz família.

Saulo e Oscar retornam a casa onde pousariam em Lemúria, olhando a casa tão florida pelas jovens lemurianas. Marah e Shina aparecem na janela, sorriem mas logo entram.

Horas depois, arrumados para a ocasião, adentram a casa de Melias os visitantes levados pelo pequeno ankaa. À sala a surpresa: lá já estavam as jovens, atrativos dos olhares de Saulo e Oscar.

Melias apresenta a todos oficialmente, e uma boa conversa se inicia. Como irmãos, muito entrosados, Oscar se interessa por Shina e Saulo por Marah.

O jantar é servido e muito sobre Saulo, Oscar, Marah e Shina é contado.  As afinidades são confirmadas, e os casais pareciam ser escolhidos por Atena.

Chegada a noite Oscar e Saulo seguem para seu descanso, pois no dia seguinte teriam bastante trabalho. Eles acompanham Marah e Shina até suas casas e cumprimentam o sorridente Sr.  Anaor, que parecia ter agradado dos pretendentes as suas filhas.

As horas passam e a noite corre tranquila, quando um tremor sacode a província. Os tremores eram considerados normais, mas Melias, Saulo e Oscar não pensavam assim. Eles saem respectivamente,  e percebem o porque de serem soldados de Atena.

Eles seguem até a casa com os medidores e os valores estavam a ponto de extrapolar o limite que causou a grande catástrofe de cento e dezoito anos atrás. Melias olha fixamente para Saulo e Oscar e movimenta seu braço diante os dois.

CENTO E DEZOITO ANOS ATRÁS

A ilha de Lemúria já tinha parte do seu território ocupado devido a busca dos habitantes por condições de vida com menos riscos.  Apesar disso, o centro da ilha abrigava a capital do governo, motivo de muita honra para seus moradores.

Certo dia durante a madrugada grandes quantidades de fumaça, cinzas e poeira pairavam no ar.  As pessoas estavam se intoxicando com tal poluição e desciam para as regiões mais ao litoral.

Os mestres alquimistas tentavam em vão conter a fúria do vulcão.  A população orientada a sair as províncias mais abaixo saiam sem nada nas mãos, sendo recebidas pelas demais províncias.

Em meio a tantos voluntários uma pessoa se destacava, uma senhora de mais ou menos cento e cinquenta anos, que sempre ficava à cadeira de balanço a admirar todos que passavam se revelara. D. Tessalia demonstrou possuir um poder telepático incomum.

Ela teletransportava grande grupos com extrema facilidade. Pouco a apouco ela transportou a todos da província enquanto os alquimistas tentavam conter a fúria do monte Jutsu.

Em um dado momento o vulcão entrou em completa erupção, e vendo descer grandes quantidades de lava e pedras a senhora reuniu os bravos mestres alquimistas e os enviou a local seguro. Já sem forças, esgotada por transportar centenas de pessoas, elas cede ao cansaço e é tomada pela lava que descia.

Em local seguro Nemias, líder de todo aquele povo, e representante na província no Gran-Conselho, tenta em vão achar D. Tessalia para transportá-la. A conclusão era unânime: D. Tessalia perecera diante o poder do monte Jutsu.

Muitos foram os estragos, principalmente nas instalações do Gran-Conselho. Por isso, com decisão com apenas voto contrário, a sede do governo de Lemúria seria transferida para Casparian a mais nova província da ilha.

Ao povo do local foi um grande choque, e a decisão por alguns fora comemorada, mas para uma parte menor foi tida como traição.

A província que tinha a condição de capital de governo perdera sua identidade, mas devido a fibra e força de D. Tessália passou a chamar Tessalian.

As filhas da senhora, tristes com sua irreparável perda resolveram mudar-se para Temísia. Posteriormente o Gran-Conselho construiria uma sede definitiva nessa província.

A forma de poder telepático de D. Tessalia correu Lemúria, e da sua linhagem sanguínea nasceram as maiores telepatas que a ilha já vira.

Da data da catástrofe ocorrida em diante, as relações entre Tessalian e o Gran-Conselho eram restritas, e a província desenvolveria sistemas cada vez mais modernos de sinalização e alerta de erupções no monte Jutsu. A tecnologia desenvolvida fora adaptada por outras províncias para uso de suas fontes geradoras de energia.

Tessalian, apesar de um berço de modernidade era mal vista por todos, devido a rejeição dos que lá ficaram pelos do que de lá saíram por medo.

DE VOLTA ...

Oscar e Saulo retornam da viagem que fizeram por intermédio de Melias. Eles ficaram apavorados com o que viram, como se tivessem vivenciado.

— Mas ... Inicia Saulo. — Que catástrofe! Completa Oscar.

Saulo fica pensativo nos instantes que pareceram cem anos.

— Como?! Ele não entendia como sentiu tudo aquilo. — É habilidade de um Lemuriano inserir lembranças? Inserir o passado?

Melias aguardava por tal dúvida, pois sabia serem Saulo e Oscar pessoas especiais.

— Não! Afirma. — É uma técnica especial passada de pai para filho. Um dia Ankaa saberá, mas não se preocupem, pois lhes confiarei esse segredo. Não teriam passado por essa experiência se não fosse por essa técnica. Vamos nos atentar ao vulcão por agora.

O vulcão começava a dar sinais de entraria em erupção, e um novo tremor de terra sacode desta vez toda Lemúria. A ilha acordava.

Repentinamente surgem na província os mais poderosos telepatas da ilha, Dentre eles Tyrian, a filha mais nova de D. Tessalia. A população começou a ser removida telepaticamente, pois não havia tempo para retirada normal. Temiam pela vida das pessoas para evitar danos maiores como ocorrera anos atrás. 

Era grande o esforço, quando uma forte onda telepática pousa em Tessalian. Era a pequena Lubian, filha de Tyrian.

Tyrian olha para a menina.

— Lubian, te disse para ficar em casa! Por que você me desobedece?

A pequena impetuosa não abaixa a cabeça.

— Eu quero ajudar mãe! Deixa! Seu sei que serei mais útil aqui do que lá.

Tyrian balança a cabeça, conformada.

— Agora já está aqui! Comenta. — Então faça o que tanto quer fazer.  Agora eu quero ver se é tudo que o que você acha que é!

Lubian sorri, e começa a transportar sem esforço muitas pessoas. Os mestres alquimistas começavam a ficar cansados, e olhavam para Tyrian em sinal de aprovação. Tyrian retorna a confiança e sinaliza positivamente. Eles passaram a agrupar as famílias em grandes grupos, e Lubian os transportava facilmente.

Enquanto as pessoas eram transportadas, Melias, Saulo, Oscar e um grupo de mestres alquimistas esperava a reação do monte. O vulcão começava a soltar cinzas e grandes pedras rolavam morro abaixo. Saulo estava preocupado com Marah e Shina, mas as vê partir para local seguro.

Saulo e Oscar explodiam grandes pedras, quando Melias os chama.

— Venham! É hora de entender tudo. Afirma.

Eles seguem Melias que entra por uma gruta por trás da base do monte. Melias transporta a todos para uma região mais ao centro do vulcão. Era grande o calor, quase insuportável. Em meio a eles aparece Ankaa.

— O que você faz aqui menino? Admirado indaga Saulo. — Isso aqui é muito quente! Completa Oscar.

Melias ri e olha para o filho.

— Esse é o quintal dele. Responde Melias para o espanto dos dois.

Melias olha para Ankaa, que segue para o meio de uma piscina de lava. Saulo e Oscar ficam apavorados, mas antes que falem se surpreendem.

— Mostre a eles Ankaa. Diz Melias.

O menino cria uma camada de cosmo sobre a palma da mão, e por todo o seu corpo. Ele aumenta o borbulhar da poça de lava, e em seguida a resfria.

— Mas ... como?! Oscar estava impressionado.

Melias faz o mesmo que seu filho, mas em muito menos tempo.

— É a força do comando! Afirma Melias. — Eu comando e a lava obedece.  Eu me integro ao vulcão. Integro minha cosmoenergia com a energia da lava. Nos tornamos um só.

Oscar e Saulo se olham e começam a entender o que fazia Melias ali.

— Você vai ... Começa Oscar. 

— Parar o vulcão? Completa Saulo.

Melias ri e sinaliza positivamente com a cabeça.

— Vocês sempre se completam, que curioso. Hahaha. Melias descontrai o momento tenso. — Agora vocês compreendem. Vou ordenar para ele pare de uma única vez. Todo o vulcão. Mas para isso é preciso esperar a hora certa. O calor limite para a erupção. Venho há anos esperando por esse momento. É a missão maior de minha vida, de cero dada por Atena, cuidar das pessoas de minha morada.

Melias olha para os gêmeos e começa a levitá-los.

— Não é seguro para vocês aqui. Afirma Melias. — Eu e Ankaa ficaremos bem. Conectem seus cosmos aos nossos, e poderão compreender muito mais.

Contra a vontade dos gêmeos eles surgem do lado de fora.

— Droga! Exalta-se Saulo.  — Vamos ajudar aos outros.

Oscar concorda. Chegando diante do pé do morro encontrava-se ali Assis, o Gran-Mestre.

— Ele está lá? Assis estava esperançoso. — É nossa única esperança.

— Sim. Responde Oscar. — Ele conseguirá!

As pedras que desciam eram cada vez maiores, e algumas eram apenas desviadas das casas. Oscar e Saulo continuavam na linha de frente diminuindo as maiores, e facilitando o trabalho da linha de soldados mais atrás.

Num dado momento um pulso de cosmo foi sentido por todos, incluindo Saulo e Oscar. O vulcão enfim acordara plenamente.

No centro do vulcão Melias manda Ankaa de volta, sob o protesto do menino. Ele surge ao lado de Saulo.

— Cuide dele por mim. Diz uma voz diretamente a mente de Oscar.

— Pode deixar. Responde.

O olhar de todos a Oscar e Saulo os colocava, naquele momento como dois novos habitantes de Lemúria.

Conectados mentalmente todos podiam saber dos pensamentos de Melias.

— Agora vulcão! Dizia Melias.  — Somos um só, meu cosmo e sua energia. Eu posso sentir sua fúria. Acalme-se Jutsu.

Um novo tremor de proporções ainda maiores ocorre e muitos caem.

De repente uma nuvem de poeira sobe sobre o Gran-Mestre. Ela se dissipa, e podia-se ver Saulo de punho cerrado, e mais atrás Oscar que amparava Assis de Casparian. Os gêmeos não se distraíram com o grande tremor.

Um novo pulso de energia surge, ainda mais forte, e nas mentes ouvia-se o brado de Melias.

— Acalme-se Jutsu!

A atividade sísmica cessa, e em poucos minutos a nuvem de cinzas parcialmente se dissipa, podendo-se ser ao longe Melias caído nos braços de Ankaa ao lado de Assis de Casparian.

Tyrian e Lubian, que insistira em ficar vem ao encontro de pai e filho, que após saudação ao Gran-Mestre os leva até Casparian, onde localizava-se o melhor centro médico da ilha.

Os mestres lemurianos e demais alquimistas começavam a limpar os caminhos das grandes pedras que desceram morro abaixo, mas Oscar e Saulo tinham outras preocupações.

— Para onde foram levadas as pessoas? Apreensivo indaga Oscar.

— Para outra província. Responde Assis. — Mas exatamente a quem vocês se referem? Seriam Shina e Marah?

— Sim. Responde Saulo envergonhado.

Assis ri.

— Não se preocupem. Elas estão a salvo. Responde. — Os levarei até elas.

Em Temísia Oscar se apressa em encontrar Shina, e a vê junto a sua irmã metros a frente. Ao avistá-los as moças sorriem e acenam. Os visitantes se aproximam, e Oscar ganha de Shina um caloroso abraço.

— Fiquei preocupada com você. Não te vi. Diz a lemuriana ao pé do ouvido. — Que bom que está bem.

Marah parecia mais tímida, assim como Saulo. Mas a emoção falou mais alto e Saulo recebe um abraço ainda mais forte que o de Oscar.

— Pensei que tinha te perdido. Diz Marah baixinho. — Você salvou minha província.

Marah sai do abraço e olha com muito respeito para seu pai.

Saulo dá a mão a Marah, e passando por Oscar o arrasta junto a Shina. Os casais seguem até o Sr. Anaor.

— Sr. Anaor! Chama a atenção, Saulo. — Eu, Saulo e meu irmão Oscar estamos interessados em suas filhas. Gostaríamos de poder visitá-las.

Saulo cutuca Oscar.

— Sim, Sr. Anaor. Envergonhado manifesta-se Oscar. — Queremos nos comprometer com tuas filhas. Sabemos que não é a melhor hora, mas ...

O pai das moças sorri.

— Não se preocupem. Responde Sr. Anaor. — Há tempos esperava dois homens de valor para desposar minhas filhas. Não imaginei que viessem de fora, mas se elas gostam de vocês que assim seja. Tem minha permissão.  A propósito, como chegaram aqui.

Saulo e Oscar ficam sem jeito, pois não pensaram em como retornariam, visto nem saberem como voltar para casa.

— Vocês tem família no continente? Curioso, indaga Sr. Anaor. 

— Não temos. Responde Oscar. — Somos pescadores, apenas isso.

Melias surge por detrás de todos.

— Se desejarem ficar a casa continua a disposição. Comenta, para o susto dos gêmeos.

Assis bate no ombro de Melias e o cumprimenta com um caloroso abraço.

— Creio que temos uma dívida contigo, Melias. Lemúria deve a seu esforço. Gostaria de selar a paz entre Lemúria e Tessalian pelo incidente de hoje. E o que o vulcão antes separou, possa trinta anos depois novamente juntar.

Melias e Assis cumprimentam-se longamente, e em meio ao sorriso dos casais e de todos os ali presentes, a paz ali selada unifica novamente Lemúria.

Tyrian observando o gesto de Melias e Assis lembra-se de sua mãe, e imagina que há mais de trinta anos atrás D. Tessalia não queria a desunião.  Ela resolve retornar a seu local de origem em memória de sua mãe. Elas retornariam a Tessalian, e muito se desenvolveria a partir desse retorno. 

A TÉCNICA SELADA COMEÇA A SER NARRADA. O PODER DO CONTROLE QUE UNE, MAS TAMBÉM PODE SER FATAL.

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