domingo, 10 de setembro de 2017

Ato 017 - Aqueles que protegem em segredo


Era quase noite em Lemúria, e mais cedo clarões puderam ser percebidos em vários locais da ilha. A luz era Atena que visitava diversas pessoas, para quem estava reservada importantes missões.

Samarco, no cair da noite receberia esta luz. A província, mais ao centro-oeste da ilha, era o cinturão da produção de alimentos da ilha, as margens do grande lago Siena. Nesse local abençoado por Demeter, morara Roshi e sua filha Talia.

A família de Roshi era a mais tradicional de Lemúria no ramo da agricultura. O lemuriano seguia o ofício de seu pai e de ser avô, e Talia, fruto da próxima geração da família, já conhecia bem o equilíbrio entre o homem e a natureza.

A casa de porte médio, antiga mas bem conservada, de madeira de boa qualidade ali mesmo colhida marcava o centro do grande pomar, que guiava a entrada e a margeava a estrada.

O ambiente rústico era a paisagem da paz, cujo silêncio era apenas rompido pelos sons diversos de aves e animais de criação, soltos em plena harmonia com as plantas e demais elementos do cenário.

Naquele lugar Atena surgia a vontade, certa de estar em reduto de velhos conhecidos há muitas gerações. Era fim da tarde em Lemúria.

Roshi a porta reverencia a deusa com sua aura luminosa, e com sinal de mão orienta Talia a fazer o mesmo. A menina estava encantada, pois estava para conhecer alguém muito falado por seu pai, a deusa da Sabedoria e Guerra Justa, Atena.

Ela se curva, mas ainda sim caminha em direção a luz, ao encontro de Atena. Roshi parece ver uma imagem estranha: uma jovem de cabelos castanhos, ao lado de uma bela mulher lemuriana com os mesmos traços de Talia, lindamente vestida com uma reluzente armadura esverdeada.

Roshi parecia estar sonhando, quando a luz se dissipa, e ele vê imagem invertida, onde a jovem vestida de branco trazia sua filha sorridente.

Ainda caminhando Atena inicia sua narrativa com Roshi, enquanto entrega Talia ao seu pai.

— Roshi, meu guerreiro. — Inicia Atena. — Faz um belo trabalho com Talia. As novas gerações de meu exército ganharão uma bela guerreira para o campo de batalha.

Roshi fica feliz em saber que sua linhagem a serviço de Atena seria perpetuada.

— Sim, Senhora Atena. — Responde o guerreiro.  — Apenas fiz meu dever como pai, preparando a próxima geração.

Atena sorri.

— Sairás de Lemúria. — Afirma Atena. — Apenas Talia tens o senso de equilíbrio que possui. As batalhas que virão necessitarão desse legado. Do equilíbrio entre o tigre e o dragão. Lemúria não mais atende ao potencial de Talia.

Roshi olha para Talia atento, como se já soubesse do que falava a deusa.

— Seguiras para as terras altas às margens do mar Mediterrâneo, numa região com cinco montanhas. — Complementa Atena.

Roshi acompanhava Atena, mas a devoção no olhar de Talia à deusa causou-lhe admiração. Em breve ele entenderia.

— Preciso que acompanhe meu renascimento de mais longe. — Prossegue Atena. — Sentirás o fluxo do equilíbrio em seus dois sentidos, e saberás a hora de retornar.

A deusa olha em volta e contempla a paisagem.

— Em muito Lemúria será útil a batalha que virá, e nos irmãos e sua prole confiarei minha proteção em segredo.

Reconhecendo a atenção de Talia a suas palavras, Atena se dirige a ela.

— Talia. É a semente da nova geração. — Afirma Atena. — Serás a primeira geração dos meus novos guerreiros. O tempo junto as águas da grande cachoeira será essencial para o seu conhecimento, e para a compreensão do legado de sua família.

A aura de Atena começa a se dissipar, e ele profere suas palavras finais.

— Partirás ao amanhecer. — Finaliza Atena. — Reúna o necessário a viagem e não se despeça dos seus. Orientarei sua viagem.
Orientados por Atena, Roshi e Talia fizeram a última refeição naquelas terras. A menina estava feliz. Tudo foi arrumado e a menina foi dormir.

Ao amanhecer, na hora da partida, Roshi e sua filha lembram dos seus, e por um momento se entristecem. Eles se lembram da vívida aura de Atena, e se alegram novamente. Estavam a serviço de sua senhora, e isso era motivo para júbilo. Pai e filha estavam sintonizados, e Roshi fica feliz com a demonstração de maturidade de sua menina.

Em Tessalian, Melias e Ankaa sentiam a angústia temporária dos seus. Talia e Ankaa tinham uma ligação silenciosa, apesar da menina esperar um pouco mais. Melias sentia que seu irmão precisaria muito dele a partir de então, só não sabia definir como.

Roshi e Talia partem para seu destino orientado por Atena, e Melias e Ankaa chegariam as terras dos seus no cair da tarde.

No caminho Melias e Ankaa vão sentindo os fragmentos do dissipar dos cosmos de Roshi e Talia, mas também resquícios de um grande cosmo na medida que se aproximavam da casa de madeira. Melias já conhecia a energia, e Ankaa já sentia a acolhida.

Para Ankaa havia uma mensagem no ar, deixada por uma poeira de cosmo que toca a mão aberta do menino.

Ankaa descobrira que era parte de uma missão maior que teu silêncio. Ele aguardaria o retorno do cosmo de Atena, e Melias sabia que deveria zelar para o completo crescimento de seu filho.

ATENA PREPARA SUA ESTRATÉGIA PARA A BATALHA QUE VIRÁ. UMA SAIDA PROGRAMADA MARCA O INÍCIO DE MISSÃO DE UMA FAMÍLIA.

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